“As imagens nascem de meu ritual de depuração da vertigem que é a disruptura de valores no espaço-tempo digital. Tecnologia x Instinto: onde será nosso lugar de evolução?
Observando à uma distância arqueológica, resgato memórias de homo sapiens, escavadas no inconsciente coletivo, entre a essência que nos move e o mal-estar na civilização. Impermanente. São perguntas compartilhadas em forma de camadas simbólicas das convivências binárias: contrastes de hi-tech e arcaico, de oriente e ocidente, de ser online e offline de um mundo em meteórica transformação”

                                                                                                                                                                                                Lumyx

Somos cidadãos da aldeia global, assomados por notícias, “hoaxes” e “memes”. Imagens de guerras, acidentes, misérias,  e também eventos pop e descobertas fascinantes da ciência. Nas engrenagens da comunicação de massa, são criados novos desejos de consumo, embalados pelo culto às aparências e suas facetas de beleza, status e poder. No reverso, nascem manifestações de frustração, impotência e violência.

Homo sapiens: a natureza humana é contraditória, o “homem-máquina” é selvagem.

Daí surgem questões de nossa sociedade contemporânea: no fluxo da cybercultura, o bombardeio planetário de informação invade nossa história pessoal, trazendo uma nova escala de cognição. E perplexidade. A mitigação deste “ruído” para transmutá-lo em “música” é o motor do projeto artístico “Arqueologia do Futuro de Lumyx. Sua expressão explora o contraste material de telas tradicionais e de recursos digitais; materiais industrializados de circuitos eletrônicos contra a crueza do artesanal, da presença física do papel, das texturas “terracota” e rústicas.

“Nossa civilização hoje apoia-se fortemente na imagem, na utilização do sentido da visão. Julgamentos de valor, informações, avaliações  e preconceitos são propagados pela imagem.  Nossa estética audio-visual domina o espaço objetivo das comunicações de massa, seja no cinema, tv, web, cartazes e fotos, moldando  e influenciando a subjetividade humana. Curiosamente, veja: “visão” é também a palavra que define o invisível aos olhos de muitos: o vislumbre, o insight, a premonição, a intuição.

A visão – também usada como sinônimo  de opinião – é portanto o principal veículo de percepção e reflexão (in)consciente  do ser humano. Por esta razão – ou seguindo esta “lógica” das séries “arqueo-lógicas”, “analógicas” ou “mecânicas” – meu trabalho de arte apoia-se principalmente em imagens. Para fazer um convite à reflexão através do encontro com a nossa própria imagem, nossos próprios arquétipos, nossa ciência, nossas criações.  Uma visão.”

Luciana. A. Lumyx